A sobrevida das pessoas que vivem com aids nas regiões Sul e Sudeste dobrou entre 1995 e 2007. O tempo médio de vida saltou de 58 meses para mais de 108 meses no período. Estudo encomendado pelo Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde acompanhou cerca de dois mil adultos diagnosticados entre 1998 e 1999. Mais da metade deles (60%) continuaram vivos por, no mínimo, 108 meses depois do diagnóstico. Pesquisa semelhante feita com outro grupo de pacientes diagnosticados entre 1995 e 1996 apontou que metade desses permanecia viva por apenas 58 meses após a confirmação da doença.
Os dados fazem parte do Estudo de Sobrevida de Pacientes de Aids no Brasil, cujo resumo será publicado juntamente com o Boletim Epidemiológico Aids/DST 2008. O documento será lançado no dia 25 de novembro em Brasília. O estudo foi realizado em 23 cidades do Sul e Sudeste do país. No período do diagnóstico, as duas regiões concentravam 82,4% da De acordo com o estudo realizado em 2007, o diagnóstico precoce, seguido do acesso a medicamentos anti-retrovirais e do acompanhamento clínico adequado contribuíram para aumentar a sobrevida dos pacientes.
Apesar da melhor condição de vida de quem tem aids, é preciso lembrar que o tratamento, muitas vezes, exige esforço dos pacientes. Para muitos deles, é preciso conviver com efeitos adversos importantes. Por causa disso – afirma a diretora do Programa Nacional de DST e Aids, Mariângela Simão – é importante não descuidar da prevenção de novas infecções. “E até o momento, o uso do preservativo é a forma mais eficaz para evitar a exposição ao HIV”, diz.
Sobrevivência de crianças – A chance de sobrevivência de crianças menores de 13 anos que vivem com aids aumentou substancialmente desde o início da epidemia. O estudo “Ampliação da sobrevivência de crianças com Aids: uma resposta brasileira sustentável” mostra que a probabilidade de uma criança diagnosticada na década de 1980 tinha cerca de 25% de chance de estar viva após 60 meses. As diagnosticadas no período 1999-2002 (depois da introdução de TARV) tinham cerca de 86% (veja tabela).
Ao todo, foram acompanhadas 2,1 mil crianças dos 26 estados e do Distrito Federal em diferentes estudos. O objetivo foi determinar a mediana de sobrevida (tempo em que 50% dos pacientes estão vivos) para o grupo. Em 2007, nove anos depois, 85% das investigadas no último estudo continuavam vivas. “É um sinal de que a propabilidade de sobrevivência tende a crescer ainda mais”, afirma Mariângela Simão. Os dados serão apresentados no Boletim Epidemiológico Aids/DST, a ser divulgado nesta terça-feira, dia 25 de novembro, em Brasília (veja serviço).
Dados gerais – Os dados do novo Boletim Epidemiológico Aids/DST mostram que, de 1980 a junho de 2008*, foram registrados 506.499 casos de aids no Brasil. Durante esses anos, 205.409 mortes ocorreram em decorrência doença. A epidemia no país é considerada estável. A média de casos anual entre 2000 e 2006 é de 35.384. Em relação ao HIV, a estimativa é de que existam 630 mil pessoas infectadas.
Do acumulado, a região Sudeste é a que tem o maior percentual de notificações – 60,4% – ou seja 305.725 casos. O Sul concentra 18,9% (95.552), o Nordeste 11,5% (58.348), o Centro-Oeste 5,7% (28.719) e o Norte 3,6% (18.155).
A região Sul segue a tendência de estabilização do país, porém em patamares elevados – a cada 100 mil habitantes em 2000, existiam 26,3 casos. Em 2006, a taxa passou para 28,3. No Sudeste, há discreta queda: de 24,4 em 2000 para 22,5 em 2006. No Centro-Oeste, essa queda se apresenta a partir de 2003. Eram 21,3 casos a cada 100 mil habitantes em 2003 e 17,1 em 2006.
Há discreto aumento da taxa de incidência no Nordeste e mais acentuado no Norte. No primeiro, o índice subiu de 6,9 para 10,6 de 2000 para 2006. E de 6,8 para 14 no Norte.
A epidemia no Sudeste é a mais antiga do Brasil. “Lá surgiram as primeiras ações de prevenção, diagnóstico e tratamento”, esclarece Mariângela Simão. Ela lembra também que a região conta com serviços de saúde mais estruturados, se comparados aos do Norte e Nordeste. “Populações residentes onde a epidemia cresce hoje, em geral, sofrem com desigualdades socioeconômicas e dificuldades geográficas que interferem no acesso à informação e ao sistema de saúde”, completa.
Acima dos 50 anos – A análise da série histórica da epidemia mostra que a taxa de incidência entre pessoas acima dos 50 anos dobrou entre 1996 e 2006. Passou dos 7,5 casos por 100 mil habitantes para 15,7. A maioria dos casos de aids, porém, ainda está na faixa etária de 25 a 49 anos.
Dos 47.437 casos de aids notificados desde o início da epidemia em pessoas acima dos 50 anos, 29.393 (62%) foram registrados de 2001 a junho de 2008. Desse último grupo, 37% são mulheres e 63%, homens.
Segundo Mariângela Simão, os preconceitos que cercam a vivência da sexualidade em pessoas acima dos 50 anos limitam e dificultam a abordagem sobre o HIV. “A aids sempre foi vista como uma doença de jovens e adultos, como se a população mais velha não fosse sexualmente ativa. Mas os números mostram que a epidemia cresceu nessa população, principalmente nos últimos anos”, afirma.
O recorte regional mostra que a incidência vem crescendo em todas as regiões nessa faixa etária. Em 1996, existiam três casos da doença para cada 100 mil habitantes no Norte. Em 2006, a taxa subiu para 13. No Nordeste, o acréscimo foi de 2,8 para 7,6, no Sudeste de 10,9 para 18,3, no Sul de 7,1 para 22,9 e no Centro-Oeste de 6,8 para 14,1.
Como uma resposta a tal realidade, o Programa Nacional de DST e Aids fará campanha de direcionada a essa população, a ser lançada no Dia Mundial de Luta contra a Aids (1º de dezembro). Utilizando o slogan “Sexo não tem idade. Proteção também não”, o objetivo é despertar nos adultos maduros e nos idosos a importância do uso do preservativo nas relações sexuais.
Sexo e faixa etária – Da população geral diagnosticada com aids desde o início da epidemia até junho de 2008, foram identificados 333.485 (66%) casos de aids em homens e 172.995 (34%) em mulheres. A razão de sexo no Brasil diminui ao longo da série histórica – em 1986 eram 15 casos no sexo masculino para um no sexo feminino. Desde 2000, há 15 casos entre eles para 10 entre elas. Essa aproximação na razão de sexo reflete a feminização da epidemia.
Alguns fatores que contribuem para a vulnerabilidade das mulheres à aids são: desigualdade nas relações de poder; maior dificuldade de negociação das mulheres quanto ao uso de preservativo; violência doméstica e sexual; discriminação e preconceito relacionados à raça, etnia e orientação sexual; além da falta de percepção das mulheres sobre o risco de se infectar pelo HIV.
A forma de transmissão predominante é por via heterossexual tanto no sexo feminino (90,4% dos casos) como no masculino (29,7% dos casos). Entre os homens, a segunda principal forma de transmissão é homossexual (20,7% dos casos), seguida de usuários de drogas injetáveis (19%). Nas mulheres, a segunda forma de transmissão é entre usuários de drogas injetáveis com 8,5% dos casos.
Transmissão vertical – No período de 1980 a junho de 2008, foram diagnosticados no país 11.796 casos de aids por transmissão vertical (de mãe para filho). De 1996 a 2006, há queda considerável nessa categoria de exposição – de 892 para 379 casos notificados, uma queda de 57,5%. “Os números comprovam a eficácia de medidas preventivas durante o pré-natal, que podem reduzir para menos de 1% o risco de transmissão vertical do vírus da aids”, comemora Mariângela.
Em crianças menores de cinco anos, a taxa de incidência caiu de 5,5 (por 100.000 habitantes) em 1996 para 3,1, em 2006. As taxas de incidência nessa faixa da população caem nas regiões Sudeste (de 8,8 para 3,3), Sul (de 10,9 para 5,7) e Centro–Oeste (de 4,0 para 2,3). Há crescimento no Norte (de 0,9 para 2,9) e Nordeste (de 0,9 para 2,0).
Escolaridade – Redução de casos de aids entre os que têm mais de 12 anos de estudo. Passou de 14% em 1990 para 8,7% em 2006. Já na população que tem entre oito e 11 anos de escolaridade, o índice passou de 13,9% para 24,5%.
Raça/cor – Melhoria da qualidade dos dados de raça/cor no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), com redução do percentual de ignorados. Passou de 47,9% em 2000 para 8,8% em 2006.
Mortalidade – De 1980 a 2007 foram declarados 205.409 óbitos por aids no Brasil. Na divisão por sexo, 73,4% se concentra entre os homens (150.719 óbitos acumulados) e 26,6% entre as mulheres. Considerando o período de 2000 a 2006, o coeficiente de mortalidade é estável, apresentando aumento entre as mulheres (de 3,7 óbitos por aids por 100 mil habitantes em 2000 para 4 em 2006) e diminui entre os homens (de 9 em 2000 para 8,1 em 2006).
* Dados preliminares
Serviço
As informações relacionadas ao Dia Mundial de Luta contra a Aids no Brasil estão disponíveis em www.aids.gov.br/diamundial.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Sobrevida de pacientes portadores do HIV dobra em 12 anos
Postado por
Daniel Oliveira da Paixão
às
12:19
Marcadores: Saúde
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